A cirurgia bariátrica é uma das opções para controle da obesidade grave e mórbida. Em geral, a pessoa que busca por esta intervenção deve ter sido submetida a outros tratamentos como mudança alimentar, atividade física, acompanhamento psicológico e/ou psiquiátrico, e não ter obtido um resultado satisfatório no qual o IMC (índice de massa corpóreo) tenha reduzido o suficiente.
No Brasil e no mundo os procedimentos mais realizados são a gastrectomia vertical (SG) e o by-pass gástrico em Y de Roux (RYGB).
Cada uma dessas técnicas provoca alterações metabólicas e absortivas de nutrientes que são importantes no corpo humano. Isso ocorre pela alteração fisiológica. A decisão de qual procedimento realizar depende em última análise do paciente e suas co-morbidezes e da experiência do cirurgião.
Na gastrectomia vertical os déficits nutricionais devem-se ao volume alimentar reduzido, e dificuldade na quebra de alguns nutrientes que necessitam das secreções gástricas como por exemplo o ferro e a vitamina B12.
Na cirurgia do by-pass gástrico em Y de Roux (RYGB), por haver diminuição maior da capacidade do estômago e um redirecionamento do intestino, a absorção nutricional é mais comprometida, fazendo com que nos preocupemos não apenas com os déficits de vitaminas e minerais que precisam das secreções do estômago, mas também com toda a fisiologia que depende de receptores do intestino delgado, secreção de hormônios e sinalizadores celulares.
É muito importante que o indivíduo que se propõe a realizar a cirurgia bariátrica, independente da técnica, busque acompanhamento nutricional antes do procedimento para começar a modificar o comportamento alimentar. Isso ajuda na adaptação com o novo padrão alimentar. O entendimento da técnica e o esclarecimento dos déficits nutricionais possibilita ao paciente entender e enfrentar com seriedade e respeito as alterações necessárias do hábito alimentar para o sucesso da cirurgia.
A cirurgia por si só já altera o gosto dos alimentos, o impulso pela comida, o volume alimentar, contudo, a habilidade para lidar com todas essas mudanças é construída durante todo o processo. O paciente precisa estar ciente de que as histórias alimentares construídas com o tempo não se apagam de uma hora para outra com o simples fato de se alterar a fisiologia corporal.
Fernanda Pardo de Toledo Piza Soares
Nutricionista - CRN9 1845
Consultório Nutrição e Saúde
Referências bibliográficas:
Ahmed Kasim, Penny Nicholas, Darzi, Ara, Purkayastha, Sanjay. Taste Changes after BariatricSurgery: a Systematic Review. Obesity Surgery, 2018, 28 (10): 3321-3.
Katie Nance; J. Christofer Eagon; Samuel Klein; Marta Yanina Pepino. Effects of Sleeve Gastectomy vs. Roux-en- Y Gastric By-pass on Eating Behavior and Sweet Taste Perception in Subjects with Obesity. Nutrients 2018, 10, 18.
Diniz, M.T.C; Maciente, B.A. Histórico: cirurgia bariátrica e metabólica. In: Cirurgia bariátrica e metabólica: abordagem multidisciplinar. Coord. Maria de Fátima Haueisen Sander Diniz, Soraya Rodrigues de Almeida Sanches, Alexandre Lages Savassi Rocha. São Paulo: Editora Atheneu, 2012, p. 15 – 21.
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